sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Fidié versus piauienses: a crônica do vitorioso contada pelo perdedor

Major Fidié
            A história da adesão do Piauí à Independência do Brasil com a expulsão das tropas portuguesas, prisão de Fidié e sua deportação para Portugal é, sem dúvida, uma crônica vitoriosa do povo piauiense, apesar das incontáveis perdas humanas. Afinal, o Piauí contribuiu para que a independência abrangesse todo o território nacional, vez que os portuguesas queria conservar como colônias deles os estados do Ceará e Maranhão e Grão Pará.

            Mas esta história fica mais interessante e despertadora de orgulho entre nós piauienses, quando contada pela parte perdedora, os Portugueses, que mesmo com superioridade bélica, tiveram que bater em retirada.
            O site Português http://www.arqnet.pt/ é uma rica e interessante fonte de informações históricas, na qual podemos encontrar a biografia do comandante das armas Joao José da Cunha Fidié, que encampou a missão de sufucar o movimento rebelde nascido na Praça da Graça, em Parnaiba, no dia 19 de outubro de 1844, com a proclamação da adesão do Piauí à causa da independência, pelo bravo parnaibano Simplício Dias da Silva, apoiado por outros patriotas, como Leonardo Castelo Branco, João Câncio de Deus e Silva, entre outros.
            Veja, abaixo, as informações biográficas de Fidié, escrita pelos seus patrícios, confirmando a bravura dos piauienses na defesa do seu território, capaz de derrotar um comandante militar tão laureado:

Tenente-general reformado, comendador da ordem de Avis, director do Real Colégio Militar, etc. 
N. nos fins do século XVIII, fal. em 1856. 
Assentou praça como cadete em Janeiro de 1809 no regimento de infantaria n.º 10, tomou parte na guerra da península, assistindo às batalhas do Buçaco, Albuera, Vitória, Pirinéus, Nivelle, Nive, Orthez e Tolouse, aos sítios de Olivença e Badajoz, e a diversos combates e acções que se feriram até ao fim da campanha. Ofereceu-se depois para ir na divisão dos voluntários de el-rei a Montevideu, mas não foi admitido por ser tenente moderno. Em 1817 embarcou para o Brasil uma divisão portuguesa, e como o seu regimento não havia sido nomeado para essa expedição, trocou com um oficial de infantaria n.º 15, conseguindo assim partir para a América, onde serviu em 1817 e 1818. Foi ajudante de ordens do governador da ilha da Madeira em 1819 e 1820, sendo nomeado em Dezembro de 1821 governador das armas da província de Piáui. Voltando então de novo ao Brasil tomou posse daquele cargo em Agosto de 1822, e marchando logo para a vila de Parnaíba  sustentou uma renhida luta com os partidários da independência. Chamado pelas autoridades de Caxias, foi dirigir a defesa dessa vila, mas crescendo as forças dos revoltosos ao passo que as dos defensores iam diminuindo pelas privações e pelo desalento, a praça rendeu-se e Fidié foi preso e mandado oito meses depois entre uma escolta para a cidade de Oeiras. Transferido para a Baía, passou ao Rio de Janeiro onde ficou encarcerado na fortaleza da Vila Ganhão, até que D. Pedro lhe deu liberdade, permitindo-lhe que regressasse a Portugal. Em 1825 foi nomeado primeiro comandante do Real Colégio Militar, e por vezes durante a ausência do director, ficou encarregado da direcção deste estabelecimento até que, saindo de Lisboa e apresentando-se no Porto ao duque de Bragança, foi por ele nomeado subdirector do arsenal daquela cidade. Regressando depois a Lisboa, foi director efectivo do Colégio Militar desde 183 7 a 1848, ano em que teve a sua exoneração, reformando-se em 1854 no posto de tenente-general. 
Escreveu: Breves esclarecimentos acerca do Collegio Militar, oferecidos ás Côrtes, Lisboa, 1843; Varia fortuna de um soldado portuguez; é uma memória de interesse pessoal, e comprovativa das preterições que alegava ter sofrido no acesso a postos superiores.

  Texto: F.Carvalho.


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