Além de contar, em primeira pessoa, a história de um dos crimes mais comentados da história do município, o livro tem, também, o mérito de lembrar e, às vezes, revelar fatos históricos de grande relevância da história política de Parnaíba. O capítulo três(O Crime), é rico em referências ao modo de fazer política da época, na cidade de Parnaíba, em que prevaleciam as intrigas(convenhamos que ainda hoje elas existem).
A morte de Alcenor Rodrigues Candeira está inserida, segundo o livro, num ambiente político hostil. “Meu pai pertencia ao PTB do Prefeito José Alexandre e do Governador Chagas Rodrigues, em que o PTB e o PSD se uniram para derrotar a UDN”, disse Alcenor Filho em entrevista ao jornalista Toni Rodrigues, transcrita no livro. Mas o escritor deixa bem claro que as lideranças maiores dos partidos que se digladiavam, não tiveram influencia sobre o crime.
Autor citado nos livros didáticos sobre literatura piauiense, Alcenor Candeira Filho dá aos estudiosos uma contribuição à compreensão da sua obra, por meio de informações biográficas.
Sobre a sua poesia de tom elegíaco, lembra o que disseram sobre ele Fontes Ibiapina, Assis Brasil e M.Paulo Nunes. Os três relacionaram o caráter terno e triste do autor à tragédia familiar que significou o assassinato do seu pai, fonte de inspiração há vários poemas elegíacos.
Advogado, Alcenor Candeira Filho também pode estar dando uma contribuição aos alunos dos Cursos de Direito, especialmente àqueles interessados na parte criminal, por trazer à tona a história de um crime que faz parte do repertório de histórias dos mais velhos em Parnaíba e até alimentou a imaginação de cordelistas.
Um dos grandes méritos da obra foi o de não encerrar-se, apenas, num drama familiar, mas contextualizado com história da cidade, além de mesclar prosa e versos, tornando-se interessante do começo ao fim.
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