domingo, 27 de setembro de 2009

Reis Velloso e o Ipea


Deputado Federal Paes Landim
Foto: Wikpédia
"É essencial estabelecer como conteúdo principal da educação os códigos da modernidade: desenvolver o raciocínio cognitivo, aprender a comunicar-se, aprender a tomar iniciativas. E a idéia de educação permanente (Lifelong Education)." No livro do IPEA sobre "Estratégias de Desenvolvimento e Desenvolvimento", (2009), João Paulo dos Reis Velloso ao escrever sobre "Estratégia de Economia Criativa", nos dá mais uma concisa e profunda lição.Estive na solenidade dos 45 anos da criação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, ocorrida na semana passada e que contou com a presença do Presidente da República.Fui ao prédio do IPEA em Brasília certo de encontrar Rei Velloso, cuja presença constava da programação da solenidade posto que ele foi o seu primeiro Presidente, a "alma mater" de uma instituição criada na gestão de Roberto Campos no Ministério do Planejamento. Por motivo de compromissos na abertura do Fórum Nacional o nosso iluminado piauiense não pode ali comparecer.Roberto Campos conta em suas memórias que o IPEA foi criado para ser uma "fábrica de idéias, ou seja, um laboratório de pesquisas desvinculada da angústia do quotidiano". Ao comentar o plano elaborado pelo IPEA sobre a gestão de Reis Velloso, para o período 1967/1972, Roberto Campos escreveu que ele foi "um dos documentos de mais alta satisfação" que ele conheceu, coincidindo com o pensamento expendido pelo eminente filho da Parnaíba, em suas memórias ("Tempos modernos"), que para existir crescimento é necessário "racionali-dade e sofisticação", ainda que ele considere que "a noção de desenvolvimento vai se modificando à medida que a sociedade se transforma".Reis Velloso é um homem profundamente culto, organizado e sofisticado. Poucas vezes nosso país foi tão criativo nas políticas públicas de desenvolvimento social, econômico e cultural como na época que ele dirigia o IPEA e por mais de oito anos a política de Planejamento do Brasil.O IPEA, em pleno regime autoritário, graças a Reis Velloso, foi um celeiro de "mentes inovadoras", em que a tolerância como a di-vergência era o seu ponto cardeal. Basta dizer que os criadores do Plano Real, Edmar Bacha e Pedro Malan ali trabalharam sob o incentivo de Reis Velloso. Foi de autoria dele, aliás, o primeiro e único diagnostico sobre a atividade cultural no Brasil. Reis Velloso reuniu um grupo de intelectuais como Afrânio Coutinho, Eduardo Portela, José Paulo Moreira da Fonseca, Américo Jacobina Lacombe para discutir as ações necessárias para o incentivo a cultura em nosso país.Nelson Rodrigues escreveu uma crônica em 1969, sob o título "Piauí em Yale" (João Paulo estudou naquela importante universidade americana) ironizando que o Piauí só tinha duas pessoas conhecidas no Brasil: Reis Velloso e Deolindo Couto (famoso médico e ex-Vice-Reitor da antiga Universidade do Brasil). Hoje o Piauí tem centenas de piauienses se destacando em todos os quadrantes do mundo. Mas ninguém mais criativo, inovador e iluminado como João Paulo dos Reis Velloso.

(*) Artigo do deputado federal Paes Landim, publicado no Jornal Diário do Povo. Teresina, 27 de setembro de 2009.

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