domingo, 7 de abril de 2013

Sete de abril - Dia do jornalista. Com ou sem diploma




Por F. Carvalho*
Hoje, 7 de abril, é Dia do Jornalista. Estes trabalhadores vivem há décadas divididos entre a relevância ou não da obrigatoriedade do diploma de graduação na área para a obtenção do registro de jornalista no Ministério do Trabalho e, desta forma, ter acesso aos postos de trabalho do setor.
A não obrigatoriedade do diploma é considerado por muitos um avanço democrático e, por outro flanco, tem enfrentado muitas resistências. Entre os políticos os apoios tem sido insípidos, insuficientes. Em numerosos casos os legisladores, por covardia, posicionam-se em favor da exigência do diploma por um motivo muito simples. As redações dos meios de comunicação nas capitais e outros centros emissores de opinião de massa são comandadas pelos jornalistas graduados na área.  Para estes políticos, desagradar profissionais tão bem posicionados no tabuleiro midiático pode significar redução de centimetragem nos jornais, minutos na TV, pixels nos sites e assim por diante. E como eles vivem de exposição...!
Mas também não resta dúvida de que é razoável e merecedora de atenção a ideia de um jornalismo plural, com a visão de profissionais de vários setores. Tanto é assim que eminentes estudiosos da comunicação social filiam-se a esta proposta e vão muito além da simples derrubada da obrigatoriedade do diploma, demonstrando que a discussão deveria ser ampliada, em vez de abafada.
O jornalista, professor e escritor José Marques de Melo, um dos mais respeitados teóricos do jornalismo na América Latina, apresenta sua opinião com clareza, em entrevista concedida à Revista Cidade Nova, da editora que tem o mesmo nome, edição de fevereiro de 2010: “Quando eu digo que ele (o jornalista) não precisa ter diploma, quero dizer que ele pode ter o diploma de graduação ou pós-graduação em qualquer curso superior. É assim que funciona em todas as partes do mundo”.
E não é preciso ir muito longe para encontrar opiniões parecidas. No seu livro “Jornalismo Cidadão – Informa ou Deforma”(2009, pag. 76), a professora do curso de jornalismo da UFPI, Maria das Graças Targino, assim se manifesta: “Reservas de mercado levam à padronização por baixo, e foi isso que aconteceu nas redações dos veículos de comunicação, desde que a reserva de mercado para os diplomados  em comunicação foi imposta após o Golpe Militar de 1964, numa espécie de busca de legitimidade na ilegitimidade imposta. É uma bênção que haja tantos cursos superiores de jornalismo no país. Mas uma maldição que apenas eles possam fornecer a mão-de-obra disponível. O que é obrigatório leva ao comodismo, e o comodismo é o pai de ineficiência”. Vale ressaltar que à época destas declarações o STF ainda não havia derrubado a obrigatoriedade do diploma.
Estas opiniões, por demais abalizadas, nos conduzem ao pensamento de que a queda da obrigatoriedade do diploma, que resultou num vazio normativo, poderia ter sido seguida por um esforço para normatizar a nova situação. Um destes vácuos, pós-decisão do STF, foi a não exigência de qualquer escolaridade para o exercício do jornalismo, o que chega a ser inconveniente. Enfim, como o melhor jogo é sempre o democrático, a decisão que vier pautada na vontade da maioria prevalecerá e, por ser legítima, virá merecedora do respeito e do acolhimento de todos.
Então, que este 7 de abril, Dia do Jornalista, seja de homenagens a todos que exercem esta profissão com talento e responsabilidade, prestando um serviço relevante à sociedade, além de estar fortalecendo um dos pilares da democracia que é a informação.
*F. Carvalho é jornalista (DRT 3224-10-49)
Graduado em Letras Português/Estudante de Direito



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