Por F. Carvalho*
Hoje, 7 de abril, é Dia do Jornalista. Estes trabalhadores
vivem há décadas divididos entre a relevância ou não da obrigatoriedade do
diploma de graduação na área para a obtenção do registro de jornalista no
Ministério do Trabalho e, desta forma, ter acesso aos postos de trabalho do
setor.
A não obrigatoriedade do diploma é considerado por muitos um
avanço democrático e, por outro flanco, tem enfrentado muitas resistências.
Entre os políticos os apoios tem sido insípidos, insuficientes. Em numerosos
casos os legisladores, por covardia, posicionam-se em favor da exigência do
diploma por um motivo muito simples. As redações dos meios de comunicação nas
capitais e outros centros emissores de opinião de massa são comandadas pelos jornalistas
graduados na área. Para estes políticos,
desagradar profissionais tão bem posicionados no tabuleiro midiático pode significar
redução de centimetragem nos jornais, minutos na TV, pixels nos sites e assim
por diante. E como eles vivem de exposição...!
Mas também não resta dúvida de que é razoável e merecedora
de atenção a ideia de um jornalismo plural, com a visão de profissionais de vários
setores. Tanto é assim que eminentes estudiosos da comunicação social filiam-se
a esta proposta e vão muito além da simples derrubada da obrigatoriedade do
diploma, demonstrando que a discussão deveria ser ampliada, em vez de abafada.
O jornalista, professor e escritor José Marques de Melo, um dos mais respeitados teóricos do
jornalismo na América Latina, apresenta sua opinião com clareza, em entrevista
concedida à Revista Cidade Nova, da editora que tem o mesmo nome, edição de
fevereiro de 2010: “Quando eu digo que ele (o jornalista) não precisa ter
diploma, quero dizer que ele pode ter o diploma de graduação ou pós-graduação
em qualquer curso superior. É assim que funciona em todas as partes do mundo”.
E não é preciso ir muito longe para encontrar opiniões parecidas.
No seu livro “Jornalismo Cidadão – Informa ou Deforma”(2009, pag. 76), a professora
do curso de jornalismo da UFPI, Maria
das Graças Targino, assim se manifesta: “Reservas de mercado levam à
padronização por baixo, e foi isso que aconteceu nas redações dos veículos de
comunicação, desde que a reserva de mercado para os diplomados em comunicação foi imposta após o Golpe
Militar de 1964, numa espécie de busca de legitimidade na ilegitimidade
imposta. É uma bênção que haja tantos
cursos superiores de jornalismo no país. Mas uma maldição que apenas eles
possam fornecer a mão-de-obra disponível. O que é obrigatório leva ao
comodismo, e o comodismo é o pai de ineficiência”. Vale ressaltar que à época
destas declarações o STF ainda não havia derrubado a obrigatoriedade do
diploma.
Estas opiniões, por demais abalizadas, nos conduzem ao
pensamento de que a queda da obrigatoriedade do diploma, que resultou num vazio
normativo, poderia ter sido seguida por um esforço para normatizar a nova
situação. Um destes vácuos, pós-decisão do STF, foi a não exigência de qualquer
escolaridade para o exercício do jornalismo, o que chega a ser inconveniente. Enfim,
como o melhor jogo é sempre o democrático, a decisão que vier pautada na
vontade da maioria prevalecerá e, por ser legítima, virá merecedora do respeito
e do acolhimento de todos.
Então, que este 7 de abril, Dia do Jornalista, seja de
homenagens a todos que exercem esta profissão com talento e responsabilidade,
prestando um serviço relevante à sociedade, além de estar fortalecendo um dos
pilares da democracia que é a informação.
*F. Carvalho é jornalista (DRT 3224-10-49)
Graduado em Letras
Português/Estudante de Direito
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