domingo, 28 de setembro de 2008

Não se faz mais campanhas como antigamente...

A resolução 22.718/TSE que disciplina a campanha eleitoral deste ano deve ter suas desvantagens, mas, com certeza, traz muito mais avanços no sentido de igualar os candidatos a cargos eletivos, sejam eles majoritários ou proporcionais.
Na defesa de seu faturamento o mercado publicitário chiou com as restrições feitas à propaganda por meio de out-doors e brindes que aferissem vantagens aos eleitores, entre outras limitações. A grita também foi grande entre os artistas e seus sindicatos que repudiaram a proibição dos showmícios.
Carlos Manhanelli, da Manhanelli e Associados, uma empresa de consultoria em marketing político eleitoral, disse no começo deste ano que a nova fórmula desprivilegia aqueles candidatos que são marinheiros de primeira viagem, uma vez que reduz o aparato midiático que poderia fazê-los conhecidos no espaço de três meses.
Por outro lado, vê-se, de fato, um barateamento das campanhas políticas, fato que favorece os candidatos que têm o capital intelectual como ponto forte, em vez do monetário. Isto faz com que as campanhas sejam mais focadas e menos espetaculosas.
Principalmente no caso das candidaturas majoritárias o esforço de comunicação vem concentrando-se, muito mais, na campanha no rádio e na televisão por serem os meios lícitos de maior penetração nas massas.
Mas a propaganda na mídia eletrônica parece não vir tendo a mesma importância que teve nas campanhas passadas. Em Parnaíba, chegou a ser decisiva nas eleições de 2000.
Depois que a poeira baixar certamente os comunicólogos, cientistas políticos, sociólogos e outros estudiosos, devem debruçar-se para tentarem entender o que realmente está acontecendo agora. O certo é que algum fenômeno de massa está em curso para justificar o desinteresse do eleitor pela propaganda eleitoral feita no rádio e na televisão. Em Parnaíba, alguns dados estatísticos mostram esse fato.
Talvez seja o fato do mundo estar se tornando cada vez mais midiático. Ou seja, as mídias(ou meios) se multiplicam em quantidade de itens e de acessos. A última novidade nesse aspecto foi o anúncio da chegada ao Brasil do blu-ray, nova geração de formato de disco óptico desenvolvido para alta definição de imagem e que vem substituir o DVD.
Há não muito tempo eram poucos os meios de entretenimento. Hoje quem não quiser ver a propaganda eleitoral pode optar pela internet, TVs por assinatura, ouvir música em CD, assistir um filme em DVD, navegar off-line no conteúdo de pen drives, mp3, sintonizar as dezenas de emissoras de rádios comunitárias que concorrem com os horários do TRE, ou mesmo recorrer às mídias mais tradicionais como os jornais e revistas.
Mas como disse o filósofo éfeso Heráclito “um homem não poderia banhar duas vezes no mesmo rio, porque o homem não mais seria o mesmo, nem o rio”. Portanto, uma estratégia eleitoral não poderia ser utilizada duas vezes num mesmo tipo de campanha, porque a estratégia não mais seria a mesma, nem o tipo de campanha.
Se as pessoas mudam, os conceitos também têm que mudar.

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